quarta-feira, 16 de maio de 2012

Observatório ambulante




Tenho corrido bastante pelas ruas de São Paulo, o que me faz ter uma relação um pouco diferente com a cidade, do carro com portas e janelas fechadas passamos por tudo muito depressa ou, com o transito absurdo, mais devagar do que deveríamos.. De qualquer maneira, essa arminha de guerra particular que dirigimos por aí, distorce a cidade, deixa tudo homogêneo e funciona como lente de aumento para a feiúra dos prédios e ruas e para a maluquice das pessoas.

Correndo, consigo observar a cidade de perto, ouço os barulhos, sinto os cheiros, vejo as coisas, como um daqueles filmes 5D, o interessante é que como estou em outro ritmo, correndo rápido, de tênis e roupa esportiva, estou de certa forma fora do contexto e isso aumenta minha capacidade de análise das coisas.

Analisar as pessoas, além de divertido é fundamental  para minha profissão, com o passar do tempo, consigo identificar cada vez melhor o perfil de cada cliente, entender o que o cara quer, saber, pelas suas características, qual é o tipo de comida que vai encantar. Confesso que existe um bocado de preconceito no que estou falando, mas, por outro lado, é bastante eficaz, quase sempre certeiro.

Meu observatório ambulante capta impressões diferentes a cada lugar e a cada dia, tem a cidade coxinha, onde brotam restaurantes italianos mais ou menos bons, prédios neoclássicos e carros brancos, tem a São Paulo hipster, dos óculos de armação grossa, roupas coloridas, papos de yoga e indie rock, tem uma massa trabalhadora que esta mais preocupada em não perder o ônibus do que qualquer outra coisa, há varias outras são paulos e como um vinagrete mau batido, é fácil ver as diferenças.

O importante nessa história é que  continuo correndo, todo dia, de um lado ou outro da cidade, analisando tudo, tirando conclusões q não levam a nada, enriquecendo meus assuntos de bar e absorvendo a cidade, é divertido e é meu novo passatempo.

4 comentários:

  1. Fala Despiritus!! Muito legal essa lente de observação de cada perfil de cliente. Eu também, aqui na Adega de Sake, cada cliente que entra, aposto comigo mesmo, se ele compra, se só veio conhecer, vai me perguntar um monte de coisa e não comprar nada, enfim. Se vem em casal, são jovens, são maduros, são isso e aquilo. E conforme o perfil, diferencio o atendimento em formal ou informal, sempre tratando com o devido respeito.
    É issaê!! Abração do Adegão (ih rimou)

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  2. Dos melhores textos que li nos últimos tempos.
    Estava hoje mesmo pensando que havia tempo que não lia algo de fato interessante nos blogs por aí. Eis que me deparo com esse texto, que aborda muito bem o dia a dia de SP.

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